Estamos todos muito alvoroçados e entusiasmados com a chegada do Chat GPT. Embora a máquina ainda erre e precise ser treinada e validada por nós, é inegável a contribuição que traz para o trabalho de pesquisa e auxílio para a escrita de textos. Dentro desse aspecto, muitas pessoas se questionam: é possível escrever um livro com o Chat GPT?

Bom, possível é, tanto que, em março de 2023, poucos meses após o lançamento da ferramenta, foram publicadas muitas notícias dizendo que inúmeros livros já haviam sido escritos com o Chat GPT e estavam à venda em plataformas digitais. Porém, há ponderações a fazer sobre seu uso indiscriminado.

Um texto atrativo tem diferencial

Uma grande demanda dos autores que procuram a Vidaria Livros para auxiliá-los na escrita de suas obras é a dificuldade em torná-las atrativas para o leitor. Até mesmo quando seus livros são teóricos e técnicos, alegam que gostariam de deixar o texto interessante para quem lê. Para isso, a principal dica é utilizar recursos narrativos e textuais de caráter literário e até mesmo histórias pessoais que prendam a atenção do leitor — que é o chamado “storytelling”, como ficou conhecida a arte de contar uma boa história no marketing de conteúdo.

Gostamos de ler determinados autores porque nos identificamos com suas falas, reflexões e vivências. Sentimos suas angústias, alegrias e medos pois muitas vezes nos enxergamos nessas mesmas situações. Nos emocionamos com suas dores e dificuldades. Vibramos com suas conquistas 

O que nos prende a uma boa história, a ler determinado autor e não outro é, sobretudo, sua singularidade. Há quem goste de ler Simone de Beauvoir, há quem goste de ler a Monja Coen, há quem goste de ler J. K. Rowling.

O poeta Marcelino Freire, em cursos de escrita, estimula os participantes a utilizarem em seus textos aquelas palavras que só eles utilizam e que tornam seus textos únicos. Não escrevemos igual a ninguém porque não somos igual a ninguém. É isso que nos torna autênticos e nos diferencia.

Já há muitos livros escritos pelo Chat GPT por aí, mas nenhum deles contém as suas palavras, as suas histórias, as suas argumentações e reflexões. O ser humano precisa colocar muito dele no texto do Chat GPT para se diferenciar.

Conteúdo da IA precisa ser checado

Outro ponto a ser considerado é que o problema é que o ser humano é preguiçoso. A ferramenta pode nos auxiliar em pesquisas e conteúdos técnicos, mas, mesmo assim, as informações precisam ser checadas e conferidas. Em redações jornalísticas, até mesmo quando textos chegam prontos de agências de notícias, os jornalistas têm o trabalho de checar, revisar, conferir dados e as fontes. Porém, quantas pessoas tem o devido treinamento para fazer essa conferência e de fato farão a checagem das informações antes de sair por aí compartilhando conteúdos preparados pela inteligência artificial?

É também importante considerar que um robô não faz a análise crítica, contextualizações e ponderações no texto. A inteligência artificial pode conter vieses e isso é muito perigoso. Além disso, de quem é a autoria de um texto da IA? Há muito que se discutir sobre isso.

Questiono-me quem serão os leitores dessas obras sem vida escritas pela máquina. Os robôs são como papagaios, apenas reproduzem o que já foi feito por aí. Eles podem até ser um suporte, mas só você pode contar a sua história.

Nenhuma inteligência artificial jamais será capaz de escrever aquilo que somente você, com sua humanidade, pode escrever. 

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