Mulher quis ser motorista de ônibus porque gosta de dirigir carro grande: ‘o sentido da vida é fazer o que a gente mais gosta’

Ione Aparecida Ribeiro, de 50 anos, me disse que sempre quis dirigir veículos grandes
Ione Aparecida Ribeiro, de 50 anos, me disse que sempre quis dirigir veículos grandes

Eu fiquei surpresa e orgulhosa quando entrei no ônibus e dei de cara com uma motorista mulher.

Obviamente sei que hoje em dia nem é tão raro assim. Mas foi a primeira vez que vi. Sei lá quantas vezes na vida eu entrei num ônibus e nunca tinha visto uma mulher dirigindo – comecei a andar de ônibus regularmente quando era adolescente, para ir à escola, e durante muitos anos peguei coletivos diariamente para ir trabalhar.

Quando a viagem chegou ao fim, fui conversar com a motorista.

Ione Aparecida Ribeiro, de 50 anos, me disse que sempre quis dirigir veículos grandes. “Sempre gostei. Meu pai me ensinou a dirigir com 13 anos, ele tinha caminhão.”

Entrou para o ramo 14 anos atrás, quando viu mulheres dirigindo numa cooperativa de micro-ônibus em Diadema, no ABC Paulista. “Eu mandei o currículo, fiz o teste, passei e comecei.”

Ione comentou que na época que tirou a carta, em 1984, o sistema para ser motorista profissional era mais simples do que hoje em dia. “Eu podia tirar direto a carta profissional. Só vinha um carimbo que era exceto caminhões e cargas perigosas até eu completar 21 anos. Eu tinha 18. Quando passou a época que eu fiz 21, renovei a carta e veio sem o carimbo.”

Antes de ser motorista, contudo, já deu aulas, trabalhou em áreas administrativas de empresas, foi encarregada de departamento pessoal e de cobrança. Mas não adianta, gosta mesmo é de dirigir “carro grande”.

Revelou que atualmente há bastante mulheres na profissão. Na empresa dela são quatro. Disse que nos dias de hoje não sente qualquer tipo de machismo ou preconceito por estar na função, mas que no passado passou por algumas ocasiões curiosas.

Citou uma vez em que parou no ponto e um homem falou “ih, é mulher, eu não vou não”. Era respondeu: “isso, não vai não. Daqui a uma hora passa outro”. “Aí ele entrou no ônibus e veio”, contou.

Para Ione, o sentido da vida é a pessoa fazer o que mais gosta e ser feliz. “Tudo o que você faz que gosta muito, você vai fazer bem feito, vai ser feliz, vai transmitir para os outros.”

Revelou que ser motorista de ônibus proporcionou essa felicidade a ela por muitos anos, mas que ultimamente o congestionamento da Grande São Paulo a está deixando um pouco estressada.

E para resolver a questão, mas continuar fazendo o que gosta, ela quer mudar de área e virar motorista de carreto. “Eu gosto de carro grande. Estou indo para carreto, caminhão grande, cegonha, que carrega aqueles carrinhos em cima, você já viu? Eu quero pegar estrada, vai ser uma maravilha.”

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