‘Procriação’

Bai Jian (ou Pedro Bai, em português) (Foto: Arquivo Pessoal)
Bai Jian, ou Pedro Bai, em português (Foto: Arquivo Pessoal)

O chinês Bai Jian tem 24 anos e vive no Brasil há três. Apesar de ser muito sorridente e simpático, ele fala pouco português e foram necessárias algumas tentativas para eu conseguir arrancar dele um “sentido para a vida”:

– “Procriação”, disse, “monossilabiamente” sem querer, simplesmente por não conseguir se expressar bem em português.

“Qual é o sentido da vida? Por que eu estou vivo? Eu não quero morrer, precisa ganhar dinheiro para minha filho, entendeu? Na China é diferente. Uma família tem só um filho, tem que ganhar um filho homem, para ter seu sobrenome. Família, entendeu?”

– Ah, entendi, sim… Para você é importante ter uma família?
– “É importante, é importante…”

A declaração de Pedro Bai – seu nome em português – fez eu recorrer ao Google para pesquisar sobre a política do filho único na China, que proíbe casais de terem mais de um filho. Foi introduzida em 1979 para combater o crescimento da população. Uma reportagem do G1 cita que, se não fosse a medida, em vez de 1,3 bilhão de habitantes, o país teria hoje 1,7 bilhão.

Bai Jian, aliás, não tem filho, como ficou parecendo em sua declaração. Depois ele me explicou que é solteiro, mas quis dizer que é importante trabalhar para sustentar o filho.

O trabalho, inclusive, foi um dos motivos que o fez vir ao Brasil. A família dele tem um restaurante de comida chinesa que fica do lado do prédio onde eu trabalho – falei com ele numa tarde de domingo, quando saía de um plantão e o vi em frente ao restaurante.

Ele disse que é formado em educação física e gosta de jogar basquete.

Contou, ainda, que prefere morar no Brasil. “Não sei como fala… Pelo tempo [clima] e educação. Pessoa mais tem educação, mais amigável. Mas na China também tem gente bom (…). Na China as pessoas só sabem trabalhar. Descansa muito pouco, só trabalha, trabalha todo dia.”

Um comentário

Deixe um comentário