Antônio, uma vida inteira ao lado de Maria e seu sentido: ‘respeitar as pessoas e ser honesto’

Soldador aposentado, aos 77 anos Antônio pesca para passar o tempo
Soldador aposentado, aos 77 anos Antônio pesca para passar o tempo

A vida de Antônio Francisco dos Santos, de 77 anos, em suas próprias palavras, não seria nada sem a de Maria Rodrigues dos Santos, de 72. Na virada de 2014, eles viram juntos o ano chegar pela 59º vez seguida. É assim desde quando se casaram, em 1955.

No segundo dia do ano, eu estava em Monguagá, no litoral de SP, quando fui atrás de uma história de pescador para o começo do ano e voltei com um lindo conto de amor. Sozinho e quieto, Antônio foi o único na plataforma de pesca da cidade que me “fisgou” para uma conversa.

Só que a história dele não parecia fazer muito sentido sem a dela. Maria não estava pescando fisicamente com o marido por uma dor nas pernas, mas quando falava, o soldador aposentado revelava que a esposa estava, sim, ali. “Ela é muito bonita até hoje, não sei o que viu em mim.”

Maria tinha só 14 anos no dia do casamento, que foi no Rio Grande do Norte. Logo em seguida vieram para a capital paulista e 13 anos depois se mudaram para o litoral. “Viemos eu e ela juntos, sofremos juntos, trabalhamos juntos e estamos juntos até hoje”. Eles têm quatro filhos, nove netos e seis bisnetos.

Maria já foi até servente de Antônio quando ele trabalhou como pedreiro. Os dois construíram duas casas juntos em Mongaguá, para ajudar a completar a renda da aposentadoria.

O sentido da vida dele
E depois de um bom tempo falando sobre a vida vivida ao lado de Maria, Antônio demorou para encontrar as palavras para falar sobre o sentido somente da vida dele.

Humildemente, primeiro disse que não tinha estudo para responder uma pergunta como essa. “Não estudei quase nada. Não tenho muito estudo, nem sei responder, entendeu?”

Eu insisti: – E desde quando a gente precisa de estudo para falar sobre a vida, seu Antônio?

Ele pensou, pensou… E disse: “Acho assim, o sentido da vida? É bom demais, coisa de Deus… Aproveitar os momentos, respeitando todo mundo, entendeu? Ser honesto… Principalmente isso. Sempre fazer o bem, é importante respeitar as pessoas.”

Para ver o mar
O aposentado disse que não é pescador, mas parou de trabalhar há alguns anos e atualmente pesca para passar o tempo. “Gosto de ficar aqui assim, só olhando para o mar. Estou aqui desde às 7h” – já eram quase 17h.

Mas quem o ensina a pescar é Maria. “A minha esposa, ela sabe pescar. Ela que dá as dicas aqui, e os colegas também”.

Agora que Maria está com o problema de saúde, ele mesmo pesca e leva os peixes para casa. Disse que já chegou a tirar 17 pescadas do mar. “Depois ela dá um trato.”

Antônio contou que a esposa é costureira. “Ela começou como auxiliar de costura. Depois deram a oportunidade e ela acabou sendo professora de corte e costura. Desenha, faz tudo sob medida.”

“Ah, eu sem ela não sou ninguém. Peço a Deus de ir primeiro, porque quem resolve todas as paradas é ela. Depois que eu aposentei, perdi a noção, larguei tudo na mão dela, ela que resolve tudo.”

3 comentários

    • Me chamo Vilany Cardoso, li a história do jovem que perdeu seus pais, já senti essa dor, eu acabei de perder meu filho amado Vinícius Cardoso, meu filho foi brutalmente assassinado, ele era meu único filho homem, tinha completado 22 anos em 23/10/2015, era um amor, me dizia todos os dias ” mãe eu te amo” esta era a frase que saia de sua boca todos os dias tanto para mim quanto para seu pai, suas duas irmãs, sua esposa e seu filho Vitor que acabou de completar 2 anos. Meu filho partiu dia 24/01/2016. tinha saído de casa a algumas horas. hoje são 15/03/2016, estou vivendo por que amo minhas filhas, mas a vida perdeu o sentido sinto uma dor insuportável é como uma faca rasgando meu peito 24 horas sem parar, morro de saudade dele, mas preciso continuar ele deixou um filho a quem eu amo demais. É terrível fechar os olhos e ouvir a voz do meu filho sem poder abraçar, beijar, sinto falta de tudo, ele sabia que era muito importante para nós. Olhar para meu neto, ouvir ele perguntar pelo amor, por que era assim que ele chamava o pai dele de amor. Meu Deus dói demais. Ah! eu moro na QNA Taguatinga-df.

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