Ele descobriu ter HIV há 3 anos, aprendeu que errar é humano e seu sentido da vida é ‘curtir a trajetória’

jovem soropositivoFoi aos 26 anos que ele, hoje com 29, descobriu ser portador do vírus HIV, causador da Aids.

“Eram 9h do dia 18 de outubro de 2010”, recorda, com aquela facilidade que as pessoas costumam se lembrar de tudo que marca muito na vida.

(Curta aqui página do Vidaria no Facebook e acompanhe todos os depoimentos)

Como ele descobriu que tinha HIV

O jovem publicitário ia trabalhar e viu o resultado do exame pela internet. Até então, não fazia a menor ideia de que era soropositivo – o teste foi feito numa bateria de exames de rotina, para aproveitar um novo plano de saúde. “Eu nunca tinha feito nada antes. Só ia no médico quando estava doente.”

Naquele dia, obviamente, ele não foi trabalhar. Nem nas semanas seguintes. Fazia “freelas” em produção de comerciais para a TV, mas os interrompeu para começar o tratamento.

“No dia do que recebi o diagnóstico, fiquei mal, foi horrível. Eu chorei dia inteiro. Não dormi”, revela. “A ideia que eu tinha… Eu achava que eu ia morrer, achava que a minha vida ia mudar.”

Cheguei até o publicitário após ele escrever um texto sobre o HIV no Brasil Post (leia aqui). Ele também tem um blog pessoal (veja aqui) e é colaborador de outro blog sobre o tema (veja aqui).

O jovem aceitou conversar comigo desde que não tivesse a identidade revelada. O motivo é justamente o que considera, de fato, a coisa que mais mudou em sua vida desde então: “a parte que é diferente, mas não precisava ser diferente” – o preconceito.

“Só tem uma coisa que tem que ser diferente, que é tomar o remédio todo dia e fazer o check up geral de três a quatro vezes no ano. Tranquilo. A outra parte é diferente, mas não precisava ser diferente”, avalia. “Essa é a pior parte, porque essa diferença é o preconceito.”

Ele optou por contar sobre o vírus às parceiras antes de ter relações sexuais. Guarda histórias de garotas que sumiram após saberem, de outras que toparam transar, mas depois ficaram inseguras, e de quem, após a conversa, pensou e encarou numa boa.

“O legal seria eu falar e a pessoa dizer ‘tudo bem, nós vamos usar camisinha mesmo’. O normal, o natural, dentro do que a ciência sabe que é a realidade do HIV hoje.”

Por conta da falta de informação sobre a doença, não é isso o que acontece, desabafa. “A pessoa fala ‘eu não vou transar com você porque o conceito que eu tenho é que é perigoso’. Mas não é. Os conceitos atuais mostram que não é. Não saber disso gera preconceito,” conta. “Essa é a parte que você fala ‘que merda’. A parte que você sabe que mais vai demorar para mudar.”

Transmissão

Pelos seus cálculos, o jovem diz que deve ter contraído HIV entre os 20 e 21 anos. Após receber o diagnóstico, listou num “mapa do tempo” as meninas com quem tinha transado e com quais não tinha usado camisinha. Procurou todas para dar a notícia. “Umas me deram resposta, outras não.” Até hoje ele não sabe ao certo quem o transmitiu o vírus e, até onde tem notícia, não transmitiu para ninguém.

Desde que contraiu o vírus, buscou muita informação a respeito da doença. Explica que, em alguns casos, é mais fácil uma pessoa contrair o vírus transando com alguém que não sabe que tem o vírus do que com quem tem HIV e faz o tratamento. Isso porque, no segundo caso, a carga viral é em geral indetectável, difícil de ser transmitida – além do uso da camisinha.

O jovem explica que seu médico aconselha a não contar logo de cara para os parceiros sexuais, justamente por causa da “dor de cabeça”. Mas ele se sente melhor contando. “Sabendo que essa é a minha realidade, por que não contar?”

Ao optar por falar antes, diz enfrentar “uma inversão de paradigma”. “Hoje em dia fazer sexo faz parte da construção da intimidade”, sugere. “Se você ficar enrolando para transar, tem menina que não se conforma.”

No começo, contudo, ele próprio diz que sentiu falta de encontrar uma informação que mostrasse que a vida continuava. “O que você pode fazer na hora? Eu tinha uma terapeuta e ela indicou um psiquiatra. E o psiquiatra indicou um tarja preta. Aliás, o que médicos em geral sabem fazer nessas oras é receitar tarja preta nessa hora. Porque não tem o que fazer mesmo.”

O médico clínico geral que prescreveu o check up que trouxe o diagnóstico não sabia o que falar, revela. “Disse que era evangélico e perguntou se eu queria ir na igreja dele. Apesar de não ser religioso, ele foi. “Pedi para rezar para o teste na minha namorada dar negativo.”

Não dormiu até sair o resultado do teste dela. Pode ser sorte, mas a parceira não foi infectada.

Ele cita possíveis razões: como o fato de ela ser descendente de europeus nórdicos, cuja população apresenta grande prevalência de resistência genética ao vírus, ou a carga viral dele não ser tão alta mesmo na época do diagnóstico.

Sentimento de ‘humanidade’

Revela, contudo, que não se culpa pelo que aconteceu. Disse que ter contraído o vírus fez com que tivesse uma percepção sobre sua “humanidade”, e que falhar faz parte da trajetória.

“Receber o diagnóstico não é fácil. Mas depois, com o tempo, você aprende que errar é humano, você para de se culpar por uma série de coisas. Eu não usei camisinha porque eu errei. Todo mundo erra. Eu peguei [o vírus], essa é a diferença.”

Para o jovem publicitário, ter contraído HIV não modificou muito sua visão sobre a vida, mas o fez pensar mais sobre a morte. “Nem tanto porque eu achava que ia morrer pelo HIV, porque isso passa logo. Mas mais porque você percebe…. Eu percebi que eu era humano, que eu errei. Quando você lembra que é humano, você lembra que vai morrer um dia.”

O sentido da vida, para ele, “é se preparar para esse momento, uma viagem sem volta.” O que resta é “curtir a viagem”, avalia. “O fato é que você está vivo, para ‘experienciar’. Isso vai ser a preparação para a morte. Quando você chegar no momento da sua morte, vai chegar no ponto final da sua história, vai olhar para trás…”

Ele me disse que tomar consciência dessa humanidade e de que um dia vai morrer mudou algumas coisas na forma como vê essa trajetória. Citou relação com o trabalho e até mesmo ter aceitado se encontrar comigo para falar sobre o HIV, além de discutir sobre a doença em páginas na internet ou em meios de comunicação.

“E aí, qual é o problema dessa história? (…) A gente tropeça, não vai andar? A gente faz cagada nesse mundo, escolhas que deixam cicatrizes. O mais importante de tudo foi perceber que o HIV não é o fim do mundo”, afirma. “Eu gostaria de ter HIV? Não, é óbvio que não. Mas eu não me culpo pela falha.”


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17 comentários

  1. Bom meu nome é ANIELE .sirvo AO DEUS todo poderoso,mas já estive em outros tempos bem propensa a várias doenças.tive uma vez uma infecção muito séria causada por três bactérias,
    depois de algum tempo ,passei a ser doadora de sangue.
    Confesso q pensei na possibilidade de descobrir algo ,mais não tive nada.
    É difícil entender o preconceito , também a forma q muitas pessoas falam de DEUS em casos como o hiv.
    Pois sempre pregam q DEUS é bom e q o milagre vai acontecer,mais nem sempre é assim. E ai as pessoas as vezes acabam se frustrando ,por isso deixo aqui um alerta e um convite.
    Para entendermos q DEUS é o todo poderoso não basta ser curado,mais sim ser renovado por ele todos os dias .
    A bilia diz
    Se o meu povo q se chama pelo meu nome orar e se converter dos seus maus.EU IREI E SARAREI A SUA TERRA .
    Se DEUS QUISER CURAR A CARNE,ELE CURA.MAIS NÃO HÁ CURA para aquele q não conhece o SENHOR .
    A AIDS MATA O CORPO,MAIS VIVER COM PRECONCEITO NOS MATA E NOS LEVA AO INFERNO.
    FICAM EM PAZ ,E Q DEUS POSSA CONFORTAR NOS MOMENTOS DIFÍCEIS.
    Oro por vcs ,e soube nessa semana q já conseguiram eliminar o vírus de um roedor infectado pelo vírus Hiv .
    Fiquem com DEUS É Q ELE POSSA VOS FORTALECER

  2. Convivo com o HIV faz 5 anos. Sou portador de uma variedade pouco comum no Brasil ( tipo 2), desde uma transfusão realizada de forma negligente no Egito, em 2009. Quando descobri a doença, já estava com AIDS avançada, quase morrendo, e minha mulher estava grávida. Foi o momento mais difícil que passei na minha vida. Do quase morte, consegui renascer e agora, após a adaptação com o novo coquetel, tenho uma vida saudável e muito feliz. Minha mulher e filhas não contraíram a doença e não temos quaisquer problemas em relação à isso na nossa casa. Não pareço doente, não me sinto doente, me sinto muito bem e agradeço todos os dias a oportunidade de continuar vivendo.
    Não costumamos falar sobre o assunto fora da nossa casa, mas pouco tempo depois de descobrir a doença, minha mulher contou para aquela que era sua melhor amiga na época. O nome dela é ironicamente Carla Amável de Fátima Xavier Ferreira. Digo ironicamente, pois não há nada de AMÁVEL nessa mulher.
    Logo após o relato emocionado da situação na qual nos encontrávamos, Carla AMÁVEL disse :
    ” Como você pode fazer isso comigo ? Pessoas aidéticas passam AIDS pela saliva, pela lágrima, até com um abraço !”
    Minha mulher ficou em choque e Carla AMÁVEL continuou :
    ” Eu estou grávida, você quer matar o meu filho ? Vocês são assassinos! Eu sou fisioterapeuta e sei como esses doentes promíscuos podem passar essa maldita doença facilmente ! Temos que tratar com luvas e máscara! Vocês são dois desgraçados, pois mentiram pra gente ! Daqui a pouco ele vai estar morto e provavelmente você também ! Agora quer matar todos nós ?”
    Aos berros expulsou a minha mulher da casa dela e nunca mais voltamos a ter contato. Espalhou alguma história do gênero para todas as amigas de infância da minha mulher. Todas se afastaram.
    Carla AMÁVEL e o marido eram presença constante na nossa casa, fomos padrinhos do casamento deles e tínhamos uma convivência muito frequente, bem mais do que eu gostaria na época.
    A ignorância, preconceito e atitudes horríveis dessa pessoa desagradável são o reflexo de muitos na nossa sociedade. Não temos mais contato com ela e pode parecer estranho, mas desde que não falamos mais com a Carla AMÁVEL, nossa vida decolou financeiramente, nos tornamos mais felizes e unidos. Deus sempre reserva maravilhosas surpresas para nós. E extirpa os que não nos fazem bem !

  3. Eu fiz o exame ontem, Hoje peguei o resultado! Fiquei 3 noites exatas sem conseguir dormir pensei o dia todo nisso! E rezei, rezei muito para que se o meu exame desse positivo que o meu namorado não tivesse contraído esse vírus! Eu passei por uma situação de risco e achei sim que eu pudesse estar infectada! Mais se eu estivesse só queria não ter passado pra pessoa que mais amo! Graças a Deus meu exame deu negativo! Namoro a 1 ano e 1 mês, e estou mto feliz por não ter esse vírus! Mesmo assim eu me cômovo com as histórias de vcs. Espero do fundo do coração que vcs façam o tratamento é que as pessoas mudem a forma de pensar a respeito disso! Eu não tenho preconceito, e eu enxergo vcs como pessoas normais, Pois vocês são! Ser soropositivo não fazem de vcs diferentes de mim, Sintam se abraçados por mim de verdade! Que um dia todos deixam o lado do preconceito, que este dia esteja próximo! Fiquem com Deus e se cuidem!

  4. Prazer! Vim pedir uma ajuda de vocês leitores e editor(es) do site/blog, leia até o fim por favor. Estou cursando TI e um dos módulos exige criação de blog/site, para fugir um pouco de assuntos que não acrescenta muita coisa (tv,futebol e etc .), decidi que o meu assunto seria algo realmente importante, o Hiv e a Aids .Não sou portador do vírus, tenho amigos e conhecidos que convivem com a doença e sei bem como funciona o preconceito e a ignorância de pessoas sobre o assunto, então já que surgiu uma oportunidade de reverter isso eu a farei ,enfim, o vírus tem vários termos técnicos complicados e o assunto é grande então decidi me focar apenas em histórias por enquanto.
    Quando uma pessoa passa por um momento de risco o primeiro lugar que ela recorre é a internet, minha intenção é contar histórias de pessoas que já são portadoras do vírus, como descobriu a doença? Estagio? Como vivem ?e tudo mais que a pessoa quiser contar , Para ajudar essas pessoas que descobriram há pouco tempo ou ainda não descobriram ,mas estão na dúvida ,que nem tudo está perdido ,pelo contrário ,a força de pessoas com Hiv ou Aids de Lutar contra a doença e permanecer vivo, a alegria e a bondade de muitos é bem maior do que de pessoas ”saudáveis’ ‘a chance de passar a doença de pessoas tratadas é quase inexistente ,isso porque nada é exato na ciência .Então além de ajudar pessoas que descobriram há pouco tempo ou irão descobrir , trazer informações para os que vivem na ignorância também é meu foco.Tenho algumas ideias que não vi em outros blogs e sites , mas quero primeiro ver se sera possuir colocar em pratica .
    Minha intenção não é florar o site então estarei deixando essa mensagem em apenas uma página, e peço que se possível não apague, o e-mail para contar a sua história caso se interesse é:contesuahistoriahiv@hotmail.com , o blog ainda está sem edição ,nem historias ,pois não quero um ctrl c + v e sim pessoas que se interessem em falar ,o endereço vai ser esse : historiasdesuperacaohiv.blogspot.com
    Obrigado a você que chegou aqui. Independente da sua Religião ou se não possui, Fique com Deus!

  5. Estou muito feliz em compartilhar esta grande notícia sobre um grande e poderoso Herbalist Odin Ordia que me curou desta doença mortal (HIV / AIDS e diabetes), eu sofria de doença por mais de 8 anos, Felizmente para mim eu estava navegando na Internet quando vi uma mulher depor sobre um homem poderoso e grande (Odin Ordia), que tem ajudado a curar muitos de doenças mal e por isso ela também mencionou que esse mesmo homem pode igualmente curar e curar qualquer doença com a medicina herbal, assim, sem desperdiçar mais vez que em contato com ele no e-mail, ela acrescentou ao depoimento sobre (odincurahiv@gmail.com) Expliquei todos os meus problemas com ele, ele então respondeu e e me aconselhou a não se preocupar que ele vai me ajudar a preparar um medicamento à base de plantas e ele vai enviá-lo para mim via correio. Ele também me deu instruções sobre como usar depois que eu comecei a sentir mudanças no meu corpo sistema, mais tarde eu fui ao hospital para consulta médica e para minha surpresa eu estava completamente curado. Estou muito feliz que eu estou seguro desta doença com a ajuda de DR. Odin Ordia. Pode chegar a mim pelo meu endereço de e-mail em susdykes@gmail.com

  6. Hoje faz dois anos q.descobri ser soro possitivo passei aqui estava lendo o relato deste rapaz…pois fique em paz meu amigo Deus esta conosco….

  7. Ola meu nome é o washington tenho 38 anos sou soro possitivo 2 anos e meio…no começo foi horrivel…hoje eu tenho uma vida bem mas favoravel…pois eu sei q. Tenho q.me cuidar para ser feliz pois tenho uma filha de 11 anos….quem tem essa doença nao fique triste ….levante va em frente…pois a cura jà esta batendo em nossa porta…fiquem com Deus….

  8. Como começar? Sou um cara de 35 anos, acabo de descobrir que sou soropositivo, estou ainda em choque. A gente, ler, ouve, assistir depoimentos de pessoas com HIV, mas acha que nunca vai acontecer comigo. Há duas semanas quando fiz exames de rotina, descobrir que tinha uma Herpes mal curada (segundo o que o médico, ela aparece e reaparece conforme a sensibilidade emocional), descobrir que estou com sifilis (em tratamento) e para coompletar, geralmente vem associada o virus do HIV. Não sinto nada, fiz outros exames, confirmado. Hoje, tenho uma sensação estranha, de hipnose, de descrença da doença, de consciencia que estou morrendo aos poucos. Não sei como vai ser minha vida, mas no momento já estou sendo acompanhado e comecei a fazer o tratamento. Só conseguir falar para três amigos, os quais tinhamos uma relação amorosa sexual ativa. Um deles fez, também estar soropositivo. Estou lendo tudo que posso para me tranquilizar e aceitar esta minha nova vida que aos poucos está mudando para ter uma outra qualidade de vida, devido os cuidados obrigatórios para não morrer com os sintomas da AIDS… HIV é o vírus, a AIDS é o sintomas da doença em estágio de pré-morte. Apesar da AIDS não matar, pois estou aprendendo que o que mata são as outras doenças oportunistas pela baixa imunidade, etc. “Não me sinto culpado, apenas aconteceu comigo, não importa como peguei, sei do agora, agora e agora….”

  9. SE quizer alguem para conversar uma amiga,vc tem em mim,não passei pelo que passou estou com exames em dia sou doadora de sangue .Mas e sempre bom conhecer e fazer novos amigos.Um abraço fique com Deus.

  10. Ola jovem soro positivo,gostei muito da forma como encarou tudo ,sei que deve ter sido terreivel,muito pior do que da pra descrever em palavras,e vc ter procurado suas ex parceiras …cara foi d+ estou orgulhosa e feliz por saber que existem ainda que poucas pessoas como voce,ficar lamentando nao leva a nada ,agira e bola pra frente,parabens pela sua atitude.

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