
“Não se dá cartaz pra bandido” é o ditado popular que o ator e diretor teatral Fernando Neves, de 66 anos, aprendeu com sua avó portuguesa e guarda até hoje como importante ensinamento para a vida. O significado é algo como: não gaste tempo dando atenção ou falando de quem não te agrada ou não te faz bem, explicou. Em vez disso, aprenda com a situação e esqueça. Gaste sua energia com pessoas que você gosta – ou seja, “não dê cartaz para bandido”.
A atitude de remoer situações que nos fizeram mal, citando as pessoas envolvidas, atrapalha muito a nossa vida, sugeriu. “Ficar preso a uma situação, a um nome, a uma mágoa, um ressentimento que não faz sentido só te prejudica.” E ressaltou: “então eu nunca falo mal de ninguém. Gente que eu não gosto eu esqueço. Esqueço o nome, esqueço a cara, esqueço tudo.”
Ditados populares no Vidaria
Sou apaixonada por provérbios e ditados populares. Há algum tempo eu vinha pensando em escrever sobre eles aqui no Vidaria. O Fernando citou o provérbio ao fazer um comentário em um curso de filosofia que frequento. Fiquei encantada e imediatamente tive a ideia de entrevistá-lo para entender como o ditado mudou a vida dele.
E assim nasce uma nova seção aqui no blog, sobre ditados populares que nos ajudam a viver melhor. Tem um ditado para contar? Faça um comentário ao final do post que entrarei em contato para contar a sua história.
Melhor falar de quem gostamos
Fernando é de uma família circense que veio de Portugal para o Brasil no século 19. Segundo ele, a sabedoria dos provérbios populares sempre esteve presente entre os familiares. O ditado “não se dá cartaz para bandido” era dito com frequência por sua avó e ficou gravado na mente dele a ponto de o ajudar em situações para o resto da vida.
O artista já resolveu vários problemas da vida inspirado no provérbio. Certa vez, agiu de forma literal, sem lembrar ou citar o nome do envolvido – contudo, como ele “não dá cartaz para bandido”, evitou entrar em detalhes. Guarda o aprendizado, que é o que importa, não é mesmo?
“Aconteceu uma situação muito chata e eu resolvi simplesmente não falando nada”. Quando o questionaram, ele foi claro: “eu não vou jamais ficar valorizando e falando o nome dessa pessoa, jamais.” Fernando prefere controlar os pensamentos: “em vez de ficar voltando para o ocorrido, eu sempre olho para a frente. Penso, ‘deixa eu falar das coisas que eu gosto, de pessoas que eu gosto'”.
O aprendizado com o ditado vale para todas as situações que nos fazem mal, concluiu. Devemos caminhar e olhar para a frente, e não ficarmos preso ao que nos fez mal. “É claro que você tem um luto diante de uma coisa que te desagradou. Você fica chateado, pensa, reflete sobre a questão para ver se tem alguma coisa que pode te ajudar a caminhar”, avaliou. Todavia, para ele ficar na preso na história é “andar para trás”.
Mais sabedoria popular
“Não se dá cartaz para bandido”, porém, não é a única frase inspiradora que Fernando aprendeu com a família de origem portuguesa. Como todos sempre foram artistas populares, frequentemente falas teatrais eram recordados e trazidas para conversas casuais e acabavam se tornando um ditado entre familiares e amigos.
Em menos de cinco minutos o ator lembrou de vários exemplos:
“Quando duas pessoas que sempre foram muito problemáticas começam a se juntar e falam algo como, ‘nossa, estamos nos dando tão bem’, as pessoas da família diziam assim: ‘vamos ver até quando Roma dormirá tranquila!’
“Quando se está dando muita importância para uma pessoa ou acontecimento que aparentemente não é nada demais, falava-se: ‘mas por que tantas palmas e ramos, o que quer isso dizer?’ Ou seja: está se dando tanta importância para o quê?”
“Outra coisa que minha vó sempre dizia: ‘de mais provas não necessito, tens o que és no rosto escrito'”, citou. Explicando que esse ditado significa que de nada adianta uma pessoa querer falar bem de si mesma, pois basta olhar para ela para saber a verdade, que está “estampada na cara dela”.
Para o artista, os ditados funcionam como sínteses de pensamentos que vão avançando com o tempo, mas sempre fazem sentido. “Às vezes acontece alguma coisa comigo e parece que ouço minha mãe, meu pai falando uma frase. Aí penso: ‘gente, parece que eles viram essa situação, analisaram profundamente e chegaram a essa conclusão. É assim que é o ditado.”
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Boa noite.
A minha avó sempre dizia: o que a gente não pode dá jeito o jeito tá dado.
Ela queria dizer que não vale pena se preocupar com coisas que não podemos resolver. Pois a preocupação não vai resolver, só vai prejudicar nossa saúde.
Que bacana, Mecias, obrigada por compartilhar… Eu enviei um e-mail para você sobre seu relato, ok?
Abraços, Gabriela